27 novembro 2010

1822


Comecei a ler o livro 1822, de Laurentino Gomes (Sei que tem o 1808 do mesmo autor, mas preferi começar pelo 1822). Pra quem gosta de história, principalmente História do Brasil, o livro é um prato cheio. Bem redigido, linhas fáceis, flúidas e um tom levemente cômico nos relatos históricos. É a melhor maneira de se entender a história e, como aprendemos desde criança na escola, aprender com ela.
De alguns relatos vemos como nossa política nacional se desenvolveu, desde sempre houve uma pequena oligarquia (sem querer ser redundante) dominante no país... 
Um país que era composto em sua grande maioria por uma população negra e aonde foi feita uma campanha para embranquecer a população, pasmem (por isso vieram pra cá as colônias de imigrantes italianos, alemães, bélgas para o Brasil, todos a convite do Rei, para embranquecer a população brasileira). De onde será que vem a absurda discriminação com os negros?
Já havia desde os primórdios a descrição dos "espertos" querendo levar vantagem em tudo... (de onde será que vem a fama do carioca?) aborda muito bem como uma cidadezinha simples (Rio de Janeiro) ganhou ar de metrópole com a vinda da Real Família Portuguesa para o Brasil.
Traz uma constatação surpreendente sobre a cultura do ócio.
Porque uma ama branca tinha que ter tantas escravas quantas seu senhor pudesse pagar (era sinal de status na época, assim como hoje) para que lhes servissem até um copo de água de uma jarra que estava bem ao seu lado? Os europeus descreviam os brasileiros como preguiçosos, aversos ao trabalho, de onde será que vem a fama do baiano?
Porque será que até hoje temos empregadas domésticas em quase todas as residências de classe mais abastadas, enquanto que nos países europeus essa profissão é tão mais escassa (e por ser mais escassa, bem melhor remunerada)?
São alguns questionamentos bem interessantes de análise à luz da sociologia...
Mas voltando ao livro e saindo das minhas divagações, o autor mostra como D. Pedro I foi interessado pelos negócios do país e descreveu claramente a primeira campanha eleitoral do nosso país, sendo que de um candidato só e a imperador do Brasil... hehehehe. Claro que ele ganhou o apoio das três mais relevantes províncias da época: São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais e por isso virou o nosso primeiro Rei, após deixar de ser o príncipe regente, pau mandado da Corte Portuguesa, ouso até a dizer: Graças a Deus!
Além de tudo pincela os primeiros passos da "moda" brasileira com uma observação que ainda pode ser usada hoje em dia e que foi feita por um visitante francês no início de 1808. Em suma o francês dizia que aqui se vestia com a alta costura das cortes européias, todavia, as mulheres gostavam de adicionar muitos adereços, chegando a beirar o ridículo. Olhem como é o "brazilian fashion stile" desde sempre... e isso é bom, é identidade, é cultura!
Alguns fatos curiosos da nossa história também foram narrados no livro de forma pitoresca, o fato de que D. Pedro I estava com um pequeno "desarranjo intestinal" no dia que deu o grito de independência no Ipiranga, o fato de ter tomado um chá de folha de goiabeira pra ficar melhor (chá este que minha avó me dá até hoje, junto com o de boldo e folha de pitanga), a forma como se deu a independência, sob que circunstâncias, a pressão da corte em Portugal... muita coisa não difere das decisões políticas tomadas hoje em dia.
Se pararmos pra pensar, o livro além de história traz muita constatação útil pra ciência política brasileira, o porquê do desenvolvimento da infraestrutura rodoviária, porquê não nos concentramos nas ferrovias, o incentivo ao uso das hidrovias na região norte do país, a importância estratégicas dos portos nacionais... tudo isso vem desde o império.
Eu sou uma pessoa extremamente otimista com o Brasil, mas extremamente mesmo. É um país lindo, rico, dinâmico, com um potencial fantástico, em franco crescimento econômico, um país democrático, livre, mas, claro, com suas mazelas bem em evidência.
Não se iludam que o mundo é perfeito, todos os lugares têm seus problemas, e não seria diferente aqui...
O que temos, creio eu, é que valorizar nosso povo, nossa história, nossa cultura, resgatar dados mortos ou desconhecidos desse Brasil continental, é fazer o povo saber que passamos bem pela crise econômica de 2008/2009 porque somos, em grande parte e no que nos é essencial, autosuficientes (pelo menos por curtos prazos, como um ou dois anos), que somos um povo cheio de alternativas, seja no campo energético, seja no logístico, no de infraestrutura, nós temos sempre um paliativo, uma alternativa, um plano B.
Pois bem, para não me delongar demais, só queria deixar aqui o meu relato sobre o começo do livro, adoro quando me empolgo em uma leitura interessante e queria dividir com vocês, claro que quando terminar de ler devo querer fazer mais comentários, mas por hoje ficam essas breves linhas desse meu pensamento que divaga com a velocidade da luz...
Felicidade a todos!

Garoto Bacana.

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