O tema de hoje me veio a mente lendo um dos livros de Dan Brow, já fui muito preconceituoso com ele e hoje admiro muito o seu estilo e aproveito suas informações inteligentes e bem colocadas sobre o mundo que nos cerca e a história da humanidade.
Bem, o fato é que ele escreveu algo que me intrigou, e me fez despertar para uma surpreendente verdade: o velho terno e gravata que hoje usamos habitualmente representa a armadura de guerra moderna.
O texto, em suma, dizia o seguinte: "Até hoje, esse antigo traje de combate é usado por guerreiros corporativos modernos, que esperam intimidar os inimigos nas batalhas diárias das salas de reunião." Antes, porém não perdeu a oportunidade de inteligentemente explicar a origem romântica deste acessório, cuja tese defende que a gravata remontava à fascália de seda usada pelos oradores romanos para aquecer as cordas vocais e ainda abordou a visão etimológica da pequena forca informando que na verdade o termo vem de mercenários croatas que quando saiam em batalha amarravam lenços no pescoço.
Dados históricos e românticos a parte o fato é que a afirmativa que ele fez me despertou algumas lembranças de minha vida, que apenas afirmaram o que ele pensa.
Realmente as pessoas tentam intimidar as outras, ou impor respeito, com o uso de terno e gravata.
Eu uso terno e gravata todo o santo dia no trabalho, e não porque eu goste, mas por imposição social mesmo! Pra não mentir só não uso gravata nas sextas-feiras, pois instituí o casual friday para ter pelo menos um dia livre dessa pequena forca.
Mas voltando ao assunto cerne do post afirmo, sem sequer pestanejar, que o uso do terno e da gravata impõe respeito e lhe dá um ar de confiabilidade e seriedade, suas idéias e posicionamentos são mais facilmente aceitos, você é mais ouvido e respeitado, tudo como um toque de mágica, pelo simples uso de uma vestimenta formal, porque na verdade o que está por dentro, em sua mente, sua articulação, seus pensamentos, são todos a mesma coisa, esteja você ou não de terno e gravata.
Parece que quem está credenciado a usar tal vestimenta é imbuído de algo mais, é como se fosse uma espécie de toga.
Comecei na minha profissão muito jovem e, como é natural em todo começo de um jovem, era confundido de forma contumaz com os estagiários (pena que ninguém confunde mais, estou velho... rsrsrsrs) porque não usava o bendito do terno... com o tempo fui percebendo a importância da minha armadura para a lida diária e comecei a usá-la, não por vontade, mas por necessidade... hoje não saio de casa sem ela... quantas vezes fui pego de surpresa com encontros importantíssimos e que eu graças a Deus estava de terno e gravata, pronto pra batalha!
Mas algumas vezes também fui pego desprevenido, sem a minha roupa de batalha, vou lá, explico o meu casual day, continuo a reunião com uma escusa aceitável, mas com a certeza que todos me imaginam de terno e gravata no dia-a-dia, e sempre percebendo um certo ar desapontado em meus interlocutores.
Depois da simples necessidade do uso da vestimenta formal o nível vai aumentando, não basta estar de terno e gravata, tem que estar com um traje bom, de primeira linha, com um corte perfeito, gravata com um nó impecável, o corte do terno tem que estar perfeito, chega a dar agonia de tanta observação que fazem... e olhe que no começo eu achava que ninguém reparava nisso, e até discutia veementemente com quem afirmava que alguém observava esses pequenos detalhes, mas as pessoas prestam atenção, e como prestam... qual o seu terno, qual sua gravata, seu relógio, sua caneta... chega a ser ridículo, mas é assim... ainda não cedi nesses acessórios, visto ternos razoáveis, nada de exageros, mas estou sempre bem vestido (eu acho), mas não poucas vezes ouvi comentários maldosos de colegas (homens, pasmem!) sobre o terno do outro que estava na mesma reunião, aos poucos fui prestando atenção nas críticas em cima dos outros e fui me adaptando... sempre calava, não gosto de fomentar comentários maldosos, mas quando despertado até que eu concordava com o maldoso comentário (segredo nosso... rsrsrsrs.).
Homem quando dá pra falar mal do povo é pior que mulher... rsrsrsrssrs.
Em resumo, acho que escrevi aqui pra dizer duas coisas: prestemos atenção nos verdadeiros guerreiros e não nos pretensos guerreiros que usam as armaduras certas e intimidam as pessoas... vamos prestar atenção mais no conteúdo e não na embalagem... se os dois vierem juntos, perfeito! Mas se não, vamos ter sensibilidade pra saber creditar quem de direito.
Quantas vezes eu fui pra reuniões que tinham pessoas bem vestidas, verdadeiros lordes ingleses, mas quem respondia tudo pra eles repetirem era aquele assessor que estava de óculos, calça jeans e camiseta, na mesa de apoio da reunião no cantinho escondido... quem será que sabe mesmo?
Não que o cara não tenha seu valor, ele tem, soube escolher seu assessor e isso é imprescindível para o sucesso de alguém, mas só isso não basta. Tenho um amigo, que por sinal é um excelente profissional, que em sua falsa modéstia diz: "Não sou bom chefe, não sei muito de nada e nem sou um cara excepcional, mas se tenho uma virtude é o fato de que eu sei montar a minha equipe!", em que pese ele ser um excepcional chefe, saber muito de muita coisa e ser um cara brilhante, de fato ele sabe a importância de montar uma equipe bem estruturada e isso o ajuda sobremaneira nas conquistas que ele experimenta.
A segunda coisa é que quem tiver iniciando uma carreira é que preste atenção no que veste, por mais ridículo que pareça, isso conta.
A terceira é um pedido encarecido e sei que impossível... vamos perder o hábito ou abolir o terno e gravata do nosso dia-a-dia, seria um grande alívio pra mim que todos os dias pela manhã me pego reclamando mentalmente de ter que vestir aquela camisa social, com todos aqueles botões (o pior é o do pescoço), a gravata, a calça social, o cinto, o terno e o sapato, podendo apenas vestir um tênis, calça jeans e uma camiseta... hehehehe.
Brincadeiras a parte, fica aí uma reflexão sobre a valorização do conteúdo em detrimento da casca, sem esquecer que a casca é importante, mas não o principal.
Felicidades a todos e muita saúde...
Abraço grande.
Garoto Bacana.
