13 outubro 2013

Amor ou Paixão?


Interessante quando a gente se apaixona. É meio surreal, meio sonho, meio que uma fase onde se está extasiado 24 horas por dia... É bom ou é ruim? Deveria durar para sempre ou tem mesmo que ter um fim? É necessária essa fase para que se tenha êxito nas seguintes?
Essas são dúvidas que permeiam o meu coração faz tempo...
"Paixoná", como diz o mineiro, é bom, mas tem prazo de validade, tem limite?
Parece que na fase da paixão a gente meio que idealiza uma pessoa, cria um ser em nossa mente que muitas vezes não existe, ou até existe, caso esteja também apaixonado por você e fora do seu prumo do mesmo jeito que você também está...
Quando estamos apaixonados nós mesmos viramos outra pessoa, mais tolerantes, mais pacientes, mais entregues, menos reservados, com menos medo de se machucar... O sentimento "paixão" é tão bom que ele realmente te transforma em uma pessoa melhor, mais amena, mais apaixonável também... É um sentimento que te dá a sensação de que você pode enfrentar o mundo, a tudo e a todos, desde que a pessoa que você mais ama nesse mundo, e objeto de sua paixão, esteja ao seu lado, enfrentando tudo com você... É um sentimento que não cabe em si, e nem na gente, que transborda todas as barreiras e limites que você já conheceu, é algo, deveras, extasiante... É fogo e gasolina mesmo...
Acho que pouca gente já se apaixonou verdadeiramente e foi correspondido na mesma intensidade, ou não, sei lá, talvez seja só a nossa necessidade humana de querer ser diferenciado, de ser especial. Mas o fato é que eu já estive perdidamente apaixonado por uma pessoa que também se dizia perdidamente apaixonada por mim... E posso dizer, com certeza, foi o melhor e mais belo sentimento que já vivenciei.
Vi uma entrevista com Cleo Pires onde ela disse que escreve para sedimentar os seus sentimentos, as suas impressões sobre o que está sentindo, e acho que escrevo aqui exatamente pra isso, sem uma definição do que é ou não é, sem saber o certo, totalmente cego e perdido em meio aos sentimentos e sensações pretéritas, presentes e futuras, mas, analisando bem, uma indefinição altamente construtiva e sadia do ponto de vista emocional...
É se descobrir, é viver novas sensações, é se sentir vivo, errante, incapaz e até mesmo mais forte, satisfeito e privilegiado por poder se confrontar com sensações tão raras na vida do ser humano...
Bem, voltando aos trilhos, após os devaneios típicos deste "garoto bacana" que vos fala e relata, retornemos ao foco do texto... A tal da paixão.
Refletindo profundamente acho que a paixão nos relacionamentos não morre, ela se transforma, se transmuda  em um sentimento mais bonito, forte e agradável de se ter, mas que talvez muitos confundam com a morte, com o fim...
O novo sentimento, que parece que é o tal do amor, é mais calmo, mais sereno, não vem das entranhas e nem de um arroubo incontrolável de qualquer coisa, mas sim do coração e da cabeça, em sincronia perfeita, em plena correlação um com o outro... Dá uma tranquilidade, uma paz, uma certeza de que se tem o que sempre buscou, mas é um sentimento mais cru, mais cruel, mais translúcido... você agora lida com um ser humano, cheio de defeitos, de coisas que te incomodam profundamente, cheio de manias e chatices, de falta de correspondência na forma de amar e de demonstrar o amor, cheio de intolerâncias, e não mais aquele ser etéreo e perfeito de outrora que permeava a sua paixão insana... E lembre-se que você está nesta mesma metamorfose em relação a outra pessoa, ela também está humanizando você, te conhecendo, vendo os seus defeitos, sua impaciência, sua intolerância, seus limites...
É aqui, creio eu, que a maioria das pessoas se perde e perde grandes relacionamentos juntos. Na hora da mutação do sentimento de paixão em amor...
O que era pra ser um evento calmo, almejado, querido, vira, para a maioria das pessoas, um tormento, porque confunde os nossos sentidos.
Você não sente mais o arroubo da paixão, mas de outra banda não parou ainda para apreciar as coisas boas do amor e se for precipitado é que não irá parar mesmo pra sentir isso... nessa hora, se você tem uma visão pessimista ou negativa das coisas, você pode se apegar à diminuição das vezes que você vê a pessoa, ou que liga, ou que tem vontade de dizer eu te amo, ou de qualquer outra coisa que você tire como parâmetro para medir o seu sentimento, e achar que não gosta mais, que não quer mais, só porque sua paixão se transmudou em um sentimento muito mais bacana, que é o amor, mas que você, impaciente, não  teve maturidade para sentir... que pena, né? Que fuleira... 
Por isso é bom a gente se estudar, se investigar, se sentir... porque o exercício sensorial é muito mais difícil e requer muito mais habilidade do que o físico.
Se investigue e veja se o que você quer para a sua vida é uma falta de ar constante, uma inquietação por medo de perder, uma impressão de que não se vive sem, um sentimento oriundo de uma ideia metafisica de sua cabeça, porém inebriante, mágico e altamente viciante, ou se você quer ter a certeza de sua respiração (apesar de perde-la de vez em quando), quer sentir a paz de olhar para um lago quieto e tranquilo, ou do seu lugar preferido, se quer sentir, lá no fundo, a certeza de que sempre estará com a pessoa entranhada em você (estejam juntos ou separados), um sentimento que vem de uma pessoa de carne e osso, cheia dos seus defeitos, e que você tem consciência deles, e que, por você amar, vai consertar junto o que der pra consertar e arrumar um jeito de conviver com o que não dá.
Não se recrimine se quiser viver apaixonado o tempo todo, ou se o que você sempre buscou foi o amor, ou ainda se você quer um misto dos dois, ou nada disso. Como sempre digo aqui, não existem fórmulas certas para os nossos sentimentos, a única receita que sugiro seguir é o fim dela, que é a sua felicidade. Como você vai obtê-la é algo muito subjetivo e pessoal e que só você vai saber como, só tente achar uma pessoa que queira o mesmo que você, ou que tope querer o que você quer. Assim é mais humano, é mais gostoso... E não se recrimine porque não sente o mesmo que ela ou não quer o mesmo que ela, é normal que as pessoas sejam diferentes e dentro de suas diferenças sejam interessantes e que completem umas às outras, mas sentimentos nutridos por nós (ou para nós) são responsabilidades nossas e devemos ser honestos com eles (sentimentos e pessoas)...
Bem, pra mim, acho que já sei... acho que queria o misto dos dois (sempre fui das correntes moderadas, não seria agora que seria diferente), mas se ela não existir, opto, sem pestanejar, pelo amor!
O amor é mais humano, mais duradouro, mais forte, mais calmo, mais o que eu sempre quis, mais o que me faz mais feliz, mais um tanto de coisas que ainda vou descobrir se eu me permitir amar.
Amor é ver defeito, ficar puto, mas tentar e querer estar junto... É levar patada e ter paciência, é não ser correspondido como se quer ou espera, é odiar algumas coisas, é puxar o lençol a noite, é sujar a louça e ter que lavar, é ter que se adaptar, é não poder deitar na cama sujo, é aguentar chatices e não esbravejar na esperança que o outro veja o quanto isso é chato e que tente mudar por você, é pisar em ovos para tentar não magoar e ao mesmo tempo não deixar de dizer nada do que tem que ser dito, mas mesmo assim, mesmo com tudo isso de ruim, ainda querer estar junto, dividir sua cama, sua vida, sua jornada com a pessoa, é ter certeza que a aparência desligada, distante e carrancuda não coaduna com o coração manteiga que ela tem, é querer dormir e acordar junto, é querer dividir os momentos bons e ruins, é querer formar uma família juntos, é querer estar e ser parte daquele outro ser que, apesar de imperfeito, é tão especial para você.
Quanto às respostas das perguntas que fiz lá no começo posso dissecar minhas impressões logo adiante, quanto às suas, só você pode fazê-lo.
Em sendo assim, eu acho que se apaixonar é ótimo e todo mundo deve se apaixonar na vida e não segurar esse sentimento que te invade e que se torna maior que você. Se jogue no mundo e na vida sem medo de cair, "sem se preocupar se o próximo passo é o alçar vôo ou a queda."
Se a paixão tem que ter um fim, pelo que ouço e das minhas impressões parece que ela se transmuda e nessa metamorfose a maioria das pessoas confunde a mutação com o fim do sentimento e porque não se acostumou com o novo sentimento que surgiu, em minha opinião mais bonito, forte e desejado que a paixão, perde boas chances de se relacionar e de ter um relacionamento bacana e sadio.
No que faz menção à necessidade de existir previamente a paixão para que a próxima fase do relacionamento vingue, acho que não é regra, pode ou não existir paixão e o relacionamento dar certo, mas acho também que quando essa fase foi presente no começo do relacionamento a gente fica mais calmo, mais confiante, acho que ajuda a saber que o sentimento apenas transmudou, sendo assim, não acho inexoravelmente necessário, mas acho que ajuda nas horas de conflito e de dúvidas, quando você questiona os seus sentimentos.
Com isso fica aqui o meu desejo de que todas as pessoas (desde que assim desejem) se apaixonem por outra e que esse sentimento seja correspondido na mesma intensidade.
No mais, saúde e felicidade para todos!!!

Garoto Bacana