18 abril 2012

Não há silêncio que não termine - Ingrid Betancourt


Terminei de ler esse livro há umas duas semanas, e foi um dos livros que mais demorei pra terminar de ler... primeiro porque ele é bem longo e denso, e segundo porque eu não me empolguei com o enredo, salvo no final...
O livro é bem interessante para quem quer entender o que é a guerrilha na Colômbia, encabeçada pelas FARC (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia), quais os métodos de negociação utilizados pela mesma (sequestros de políticos locais e pessoas influentes, troca da liberdade de reféns pelos de membros das FARC), quais são os efeitos devastadores na política colombiana, além dos reflexos da guerrilhas em outros países como Estados Unidos e França.
Minha opinião pessoal, sendo bem sincero, é de que às vezes o livro ficava repetitivo e enfadonho, com um peso psicológico exacerbado e cansativo. Claro que temos que ter em mente que o livro é um desabafo da autora, uma autobiografia dos sete anos que ela viveu em cativeiro, e quem "perde" sete anos de sua vida presa por guerrilheiros, pelo simples fato de ser candidata à Presidência de seu país e por defender seus ideais políticos, pode e deve ser prolixa e desabafar da forma que quiser, já que por anos não teve voz ativa.
A forma como ela abordou a guerrilha, o tratamento que era dispensado aos sequestrados, os seus conflitos psicológicos e os dos seus colegas de exílio, as relações interpessoais, a mudança de paradigma no que tange aos desejos, às tolerâncias, ao referencial de felicidade, de como as coisas se relativizaram após um tempo no cativeiro e, principalmente, a consciência da valorização de tudo o que tivera e não se apercebera e deixara passar sem notar a magnitude daquilo (convívio com seus pais, morte do seu pai, força e perseverança de sua mãe, amizades, crescimento dos filhos, relacionamento com a irmã, com seu marido...) é algo que nos leva a refletir e a tentar mudar algumas coisas em nossas atitudes cotidianas.
No livro ela não fala do pretenso estupro que sofreu na mão das FARC, o que me fez crer que ele não existiu; não fala a fundo da sua relação com o ex marido, que segundo consta esperou por ela até ela sair do cativeiro; e, por fim, abordou de forma muito inocente o "romance" que teve com um americano que foi sequestrado pelas FARC quando estava em missão para resgatá-la.
Por outro lado, muitas vezes as descrições das condições humanas no cativeiro pareciam surreais, acreditar que nos tempos modernos existe esse tipo de guerrilha, e que isso ainda está acontecendo naquele exato momento na Colômbia, era algo que de vez em quando me assustava na leitura do livro.
Em resumo: o livro é legal, mas leia com tempo e com o coração aberto, da forma como quem escuta um amigo desabafando, que por vezes pode ser prolixo e enfadonho, mas que precisa desabafar o que está guardado em suas lembranças e em seu coração, cabendo a você ouvi-lo, tentando reter as partes relevantes para depois poder ajudá-lo (e se ajudar também com a experiência do outro).
Fica aqui a dica do livro.
Beijo pra quem é de beijo e abraço pra quem é de abraço.

Garoto Bacana


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